quinta-feira, 1 de março de 2012

Os "doutorres" da Música

“Dá-se aulas de música!” Frase estúpida, frequentemente proferida por todos aqueles que desejam enganar a clientela.

O que é música? Chegava lá um aluno do conservatório que precisava de ajuda para apresentar uma análise para ATC, de uma Fuga de Bach, e o “professor” ficava a olhar para ele, pensando que a Fuga era “música que simboliza alguém a correr”.

E mais, quando especificam dão aulas de tudo e mais alguma coisa (sem terem tido aulas dessa temática), Formação Musical (licenciados de instrumento muitas vezes não se arriscam com medo de não fazerem um bom trabalho), todo o tipo de instrumentos de sopro (muitas vezes nem um tocam), classes de conjunto (em aulas particulares?).

Andam uns a fazer os conservatórios até ao fim, ficando com um domínio instrumental e uma cultura musical bastante abrangentes, outros fazem Licenciaturas, fazendo trabalhos enormes com prazos apertadíssimos, como se diz na gíria académica, queimar as pestaninhas, gastando rios de dinheiro em material, desde livros até instrumentos e todo o tipo de acessórios, frequentando colóquios e congressos em Portugal e no estrangeiro, viajando para ter aulas particulares com pedagogos ou solistas de renome. Noutro patamar, já encontramos os Mestrandos em Ensino de Música em que, bem antes do Relatório de Estágio, aparecem os trabalhos de investigação em inovadoras metodologias em ensino instrumental na Europa e no Mundo, correntes de pensamento educacional musical e não só, reflexões individuais devidamente fundamentadas sobre o ensino de música, sendo essas opiniões muitas vezes achincalhadas pelos professores, não que não concordem com elas, mas sim para provocar uma resposta com fundamento do aluno, fazendo com que este parafraseie muitas vezes autores cujas obras fazem parte da bibliografia recomendada para essa cadeira, e sem tirar o devido valor às disciplinas que reflectem sobre a legislação educacional bem como o desenvolvimento curricular das disciplinas que exerçamos.

E no fim o mais importante de tudo: As horas de estudo instrumental, os quilos de resmas de repertório lido e montado, exames, provas de recital e de concerto, ensembles, orquestras... Um trabalho de uma vida!

Depois aparecem estes burlões, que não sabem nada de nada, fazem uns solos na banda, fizeram o Freitas Gazul (às vezes nem isso), nem sabem porque é que se desenha assim uma Clave de Sol e já se intitulam professores e dão aulas de tudo e mais alguma coisa. O pior é que há gente que lhes pede opinião e conselhos e quem lhes dê tanto valor que não teriam se exercessem com competência dentro da área de estudos que exploraram.

Concorrência desleal, ilegal, imoral...