quinta-feira, 25 de março de 2010

Persona non grata

Hoje vamos falar sobre diversos tipos de pessoas.
Pessoas comuns, normais, com quem convivemos no dia-a-dia…
A particularidade deste novo apontamento é que vamos falar do pior que essas pessoas têm.
Passemos a apresentar os perfis:
  1. Vocês sabem aquelas pessoas que acham que sabem tudo (mas não sabem nada), e que normalmente, em conversa, insistem até à exaustão que elas é que sabem acerca dum assunto que nós até conhecemos intimamente? Passo a exemplificar: se a minha mãe se chamar Felismina, e se alguém insiste que ela se chama Felisberta, como devo reagir? A única coisa que me ocorre é pensar: “Este gajo é BURRO!”.
  2. Aquelas pessoas em que nós estamos em conversa sobre um assunto com outra pessoa e elas ouvem a conversa ao longe e metem-se no assunto de maneira inconveniente com uma opinião totalmente incoerente e imatura que elas pensam ser totalmente válida e que faz o nosso interlocutor olhá-lo com ar de ultraje e que nos leva a pensar: “F*da-se, este gajo é BURRO!”.
  3. Aqueles cromos que tornam a insistir que sabem tudo apesar do assunto nos ser familiar e quando nós pedimos um argumento válido – “Ah, é assim porque fulano disse que era!”. E se nós duvidamos de tal, ficam chateados connosco. Pensamento corrente: “F*da-se, este gajo é BURRO até dar com o pau!!”.
  4. Aqueles padamões que toleram tudo (desde agressões verbais até violações a sangue frio) de certas pessoas e quando nos esticamos um pouco em brincadeira levam tudo a mal. Moral da história: “Há pessoas que só mesmo a cadeira eléctrica!”.
  5. Aquelas pessoas que nunca aceitam aquilo que fazemos por bem delas mas aceitam com um sorriso todo o tipo de acções por parte de terceiros que apenas as prejudicam. Só apetece retorquir com desdém e sarcasmo: “ Eh pá… compra uma personalidade.”.
Enfim…
Parasitas da moral humana… O ser humano é imperfeito por si só… Mas há gente que abusa desta condição… Não deveria servir de desculpa.
O inferno não está cheio de boas acções… Mas com certeza esta repleto de Burros… (Pelo menos devia).

sexta-feira, 19 de março de 2010

Poluto

Já me enche. A vocẽs não? São tempestades à porta da Primavera, chuvas no Verão, catástrofes aqui e ali. É um vento em pleno Março que faz com que não valha a pena dar um jeitinho ao cabelo de manhã - quase que preciso de um GPS para dar um passo que seja com o cabelo à frente dos olhos. É uma chuva tão chata que nem o chapéu de chuva serve para nos abrigar, pois ela entra por todos os lados.

Mas isto fomos nós todos que fizemos. A Natureza somente se queixa do que lhe temos feito há quase 200 anos.

O nojo que é ver certos condutores! Grande parte deles dão um ar de pessoas mesmo más, sempre na "ratice" para fazer mais um quilómetro sem ter que parar e dar prioridade a nada nem ninguém. E se tem alguém na passadeira a quem tẽm que ceder prioridade, buzinam e resmungam. E se vem outro condutor a entrar pela direita, com prioridade, mandam vir e fazem gestos feios. Andam às voltas e voltas num mesmo estacionamento quase atropelando as outras pessoas que lá tẽm que passar a pé para se deslocarem ou irem para o seu veículo. E muitos deses condutores não largam o carro. Para andar 500 metros pegam sempre no veículo. Para andar dentro da grande cidade lá vai o automóvel. Evitam os transportes públicos mais amigos do ambiente e juntam-se ao grande fenómeno do trânsito, contribuindo para as variantes da poluição - sonora, atmosférica... Em vez de deixarem a mer*a do carro na garagem e irem de autocarro, andam nisto.

Mas os condutores não são os únicos. Sendo que um cidadão comum pode ser condutor, um cidadão comum pode tomar as suas medidas para reduzir a poluição. Mas depois também a há em larga escala. Já não compete ao comum dos mortais parar o avanço da industrialização e urbanização.
As fábricas são cada vez mais e consomem mais energia. Poluem mais, para os empresários lucrarem mais e para os consumidores gastarem mais. E, para os tais dos condutores, que não sabem conduzir nas estradas que há e choram por melhores, são feitas mais infra-estruturas, consumindo Natureza virgem, que renovaria o nosso ar para respirar. As montanhas portuguesas cada vez têm mais auto-estradas... Algumas com tráfego reduzido.

E eu ainda ando a estudar para engenheiro. Para quê? Poluír mais?
Eles dizem "Ah e porque há engenharia ambiental e outras sobre energias limpas". Pois, agora que a mer*a está feita, tentam remediar. É para o que estamos.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O Desgraçado

Segue incompreendido o músico.
Tudo na vida é difícil... Menos a música, dizem todos.
"Eu tenho muito trabalho e muito que fazer... Menos tu, que és músico."
Continua, desta forma, a incompreensão do músico. Afinal tudo o que ele tem que fazer é soprar para um tubo, fazer cócegas a umas cordas e mexer os dedos... Ou bater somente nuns tambores. Isso não dá trabalho. Dá trabalho é fazer uns servicitos aqui e ali, quando não se tem aulas na faculdade. Isso cansa e torna-se em algo do género "tenho mais que fazer", para provocar mau estar no músico por não ter assim tanto que fazer. Pois, porque ser professor num conservatório oficial e ter compromissos com quatro bandas não dá trabalho nenhum. Basta chegar lá, dar umas notas e "está a mexer". Isto aliado à história de que "o curso superior de música é que é fácil", que o meu parceiro optou por discutir.

É que uns têm os seus trabalhos da faculdade atrasados porque têm muitos e muitos outros trabalhos. O músico, para além disso, tem aquela actividade simplória - a música - logo não tem direito a ter trabalhos atrasados.
Este espécime, que apenas sopra para uma palhinha ou um tubo ou para uma mixórdia qualquer, tem a única função de entreter o pessoal. Não pode ter sentimentos, não pode ter cansaço, não pode contar com a actividade musical como tarefa que ocupa tempo, nem se pode queixar - é músico, não lhe custa nada.

Música requer alma, humildade e carisma. Talvez seja por isso que, de tão humilde, muito músico se deixe enrab*r. Não há músico apaixonado, herói romântico, rei de uma festa... Há só um vadio que não faz nada na vida e se perde... Na Música.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Teoricamente, a prática faz a perfeição

Parte 1
Ora é tudo muito bonito. Começa um novo semestre na faculdade e vamos cheios de motivação para as aulas. Entramos na primeira aula teórica e o professor apresenta-se a si e à disciplina e começa a desbaratar. Um pequeno esforço para acompanhar e os níveis motivacionais crescem. Conclusão ao fim da primeira semana - "vou conseguir!". Eis que surgem as aulás práticas. O grande exemplo, em engenharia informática: Teórica - "Um compilador é constituído por..."; Prática - "Comecem a fazer um compilador...".
Conclusão: os professores abusam no ensino na teoria; ao chegar a hora de aplicações práticas, aptidões para implementar... Zero.

Então que querem que eu faça? Que cante uma lairona índia para aparecer o trabalho feito? Eu vou à aula de teoria. Estou atento. Os olhos quase que me caem. Faço um esforço enorme para acompanhar, até mesmo naquelas situações em que o docente está a explicar, mas depois vem um "ou nem será assim, deixa ver... hum... talvez seja... não...". Lá está, esforça-se para não dizer que não sabe nada do que está para ali a dizer.
Mas, eis que surge a aula prática. E o que acontece? Nem queiram saber. O que se tem que fazer na aula prática é em tudo relativo à teoria aprendida, sem dúvida. Mas ninguém ensinou os métodos práticos de como resolver os problemas. Afinal, eu sei como é constituído um compilador, convenhamos. Mas o que é que vou fazer com o computador para criar o tal do compilador?

Parte 2
Há os que se safam. Desde os que acampam na faculdade, aos que só têm uma disciplina para fazer em todo o horário curricular, aos nerds e geeks que parecem o Fernando Pessoa, com óculos redondinhos, cabelo à Spock e bigodinho, ou detectores de metais de tão corcundas e cadisbaixos a olhar para o chão. Eu tenho vida. Não vou para a faculdade todos os dias a toda a hora. Não sou daqueles que, em certos momentos das aulas olha para quem entra com um olhar de como quem diz "O que é aquilo? Um elfo? Um vulcano? Uma ninfa não sei o quê do jogo não sei das quantas?". Não, seu troglodita! É uma mulher! Nunca viste?
Eu tenho coisas para fazer extra-faculdade. Pago as minhas propinas para os professores me ensinarem ao pormenor tudo aquilo que cada disciplina requer que eu saiba. Em vez disso, deixam-me à deriva à espera que descubra os métodos de resolução de problemas por magia ou que gaste horas do tempo que uso para estudar e distraír-me a fazer pesquisas sem fim.

A verdade é que muitos dos docentes não são licenciados em educação (senão todos). Sabem muito da "poda" mas não fazem a mínima ideia de como explicar. Porque eu sou quase como o outro "explique-me como se eu tivesse 6 anos". Não sou desses doutores e mestres que têm esses títulos todos e enchem o peito para mostrar bem a sua gravata e camisa. Não sou daqueles geeks que ficam corcundas à frente do computador sozinhos mais a sua virgindade. Sou um Zé Ninguém que paga tanto de propinas como toda a gente. Os meus ouvidos estão abertos. Ensinem-me direito então.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Invasão Klingon

A história é simples, minha gente. Um gajo nasce, cresce, come como um burro, quem não é burro vai para a escola e, mais tarde, para a Universidade. Quando esta fica longe da aldeola de onde vimos, procuramos casa. Sendo esta uma necessidade colectiva, partilhamo-la, em muitos casos.

Relatamos hoje o caso de um desgraçado que partilha a casa com três lindos marcianos. No início era fácil. Vivia com o senhorio que lhe ensinou as regras lá do forte: tolerância óbvia mas sentido de responsabilidade. Após a saída deste, vieram outros e completou-se o grupo de hoje. O desgraçado vive literalmente desgraçado.
Vai de férias e certifica-se que deixa tudo limpo dentro dos possíveis. Volta de férias e está tudo borrado com uma sertã a ganhar podridão. Sai de manhã de casa e vê um zombie no sofá a coçar o esquerdo. Chega à noite cansado e vê o mesmo zombie no mesmo sítio a coçar, desta vez o direito. Estado da casa: o mesmo. O que está sujo, sujo está.

Vem o senhorio mais a namorada, fazer uma visita. E a sua voz severa e palavrões profundos recaem sobre todos. Mas quem leva com elas é o desgraçado do inquilino. Ele e a namorada do senhorio olham-se nos olhos. Não, não é qualquer tipo de faísca ou química. É mais um sentimento comum de "tirem-me daqui": ela quer passar tempo de qualidade com o namorado e ele quer é ir dormir porque o dia foi cansativo. Sim, porque os klingons mais não fazem do que ir às aulinhas de manhã e ficar em casa toda a tarde (ou por ordem inversa). O desgraçado do troglodita que os atura tem aulas de um curso de manhã, aulas de outro curso de tarde e trabalho à noite. E ainda chega a casa e tem que gramar com os bilhetinhos na porta do frigorífico a dizer "as tarefas (..) são para ser efectuadas por todos de forma colectiva". Sensato, enumera mais tarefas que devem ser colectivas, explica que tem pouco tempo para monitorizar tais necessidades em relação aos outros, admitindo que também se sente na obrigação. Pois, pouco tempo depois, os meninos tinham lá ido ler a resposta no bilhete, mas só deram importância à parte de o outro coitado ter obrigações como os outros, sublinhando tal citação.
Não acaba aqui. Há a história do lixo que se acumula na semana em que o desgraçado só vai a casa para dormir e que o próprio tem que levar na semana seguinte ao contentor, não porque se sente na obrigação, mas porque já não se aguentava com o cheiro. Há a história de um que acaba os exames e se põe a andar e o desgraçado, no meio dos seus exames tem que gramar com o papá desse primeiro a mandar vir porque não limpa a casa. Há a história da janela que todos fecham e o desgraçado abre; depois a caldeira avaria por acumulação de gases e quem ouve o senhorio é... O pobre coitado. Há a história do coitado que usa água fria para lavar louça, mãos, cara e se barbear de modo a poupar gás e os outros fazem-no sempre com a água quente, seja Verão ou Inverno. Há pano para mangas.

O inquilino azarento ainda tem que partilhar o quarto com um outro marciano que ressona e respira alto a dormir, conforme qualquer um de nós. Tudo bem, também deve levar com o mesmo. Mas depois há o atender o telemóvel enquanto o outro dorme (acordando-o, claro), deitar-se tarde e ocupar o quarto a manhã toda enquanto o outro quer estudar... Mas a mais nojenta será os sons que faz que metem impressão ao desgraçado. E emite-os acordado. Ele é "hum", "ahhhhhhhhhhhh", "hu hu"... Ora é catarro, ora é descontração muscular, ora é engolir saliva... Quase parece um orgasmo. Ficamos a pensar "Ó pá, vai mas é para um canto, senta-te e morre de uma vez!".

O pobre coitado era o único que ficava até à sexta-feira de noite. Pronto, tinha que ficar a trabalhar nessa noite. Aproveitava e gozava da privacidade de que dispunha para se pôr mais à vontade. Adivinhem lá... Os meninos à volta da fogueira também se lembraram de ficar. A fazer o quê? Desta vez é mais arrojado: coçam os dois ao mesmo tempo - esquerda, direita, esquerda, direita, esquerda... Um dia destes ainda vai estar em carne viva!

Está toda a gente no seu direito. Apenas este pobre coitado teve azar. Atenção que, no universo das casa partilhadas há muito pior. Ele que o diga, que ouve vizinhos a gritar uns com os outros, sabe-se lá porquê. Ele também falha, e tenta ser homem o suficiente para admitir. Mas há limites.

Podemos não ser as melhores pessoas do mundo. Eu, por mim falo, sou a pior pessoa do mundo. A sério, não me queiram conhecer porque sou mesmo mau género, repugnante. Mas até a pior pessoa da história, quando obrigatoriamente integrada numa sociedade, precisa de condições para essa integração. Precisamos ser compreendidos e respeitados pelo trabalho que temos e pelas asneiras que não fazemos. Tirem-me deste filme, pá!