segunda-feira, 15 de março de 2010

Teoricamente, a prática faz a perfeição

Parte 1
Ora é tudo muito bonito. Começa um novo semestre na faculdade e vamos cheios de motivação para as aulas. Entramos na primeira aula teórica e o professor apresenta-se a si e à disciplina e começa a desbaratar. Um pequeno esforço para acompanhar e os níveis motivacionais crescem. Conclusão ao fim da primeira semana - "vou conseguir!". Eis que surgem as aulás práticas. O grande exemplo, em engenharia informática: Teórica - "Um compilador é constituído por..."; Prática - "Comecem a fazer um compilador...".
Conclusão: os professores abusam no ensino na teoria; ao chegar a hora de aplicações práticas, aptidões para implementar... Zero.

Então que querem que eu faça? Que cante uma lairona índia para aparecer o trabalho feito? Eu vou à aula de teoria. Estou atento. Os olhos quase que me caem. Faço um esforço enorme para acompanhar, até mesmo naquelas situações em que o docente está a explicar, mas depois vem um "ou nem será assim, deixa ver... hum... talvez seja... não...". Lá está, esforça-se para não dizer que não sabe nada do que está para ali a dizer.
Mas, eis que surge a aula prática. E o que acontece? Nem queiram saber. O que se tem que fazer na aula prática é em tudo relativo à teoria aprendida, sem dúvida. Mas ninguém ensinou os métodos práticos de como resolver os problemas. Afinal, eu sei como é constituído um compilador, convenhamos. Mas o que é que vou fazer com o computador para criar o tal do compilador?

Parte 2
Há os que se safam. Desde os que acampam na faculdade, aos que só têm uma disciplina para fazer em todo o horário curricular, aos nerds e geeks que parecem o Fernando Pessoa, com óculos redondinhos, cabelo à Spock e bigodinho, ou detectores de metais de tão corcundas e cadisbaixos a olhar para o chão. Eu tenho vida. Não vou para a faculdade todos os dias a toda a hora. Não sou daqueles que, em certos momentos das aulas olha para quem entra com um olhar de como quem diz "O que é aquilo? Um elfo? Um vulcano? Uma ninfa não sei o quê do jogo não sei das quantas?". Não, seu troglodita! É uma mulher! Nunca viste?
Eu tenho coisas para fazer extra-faculdade. Pago as minhas propinas para os professores me ensinarem ao pormenor tudo aquilo que cada disciplina requer que eu saiba. Em vez disso, deixam-me à deriva à espera que descubra os métodos de resolução de problemas por magia ou que gaste horas do tempo que uso para estudar e distraír-me a fazer pesquisas sem fim.

A verdade é que muitos dos docentes não são licenciados em educação (senão todos). Sabem muito da "poda" mas não fazem a mínima ideia de como explicar. Porque eu sou quase como o outro "explique-me como se eu tivesse 6 anos". Não sou desses doutores e mestres que têm esses títulos todos e enchem o peito para mostrar bem a sua gravata e camisa. Não sou daqueles geeks que ficam corcundas à frente do computador sozinhos mais a sua virgindade. Sou um Zé Ninguém que paga tanto de propinas como toda a gente. Os meus ouvidos estão abertos. Ensinem-me direito então.

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