quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Portugal Menopausico

A Tertúlia da Má Língua parecia ter entrado na menopausa, daquelas que atiram a sua vítima para o Facebook "all of the time" para perder a sua vida. Há que continuar a escrever, mas é, que a gente ainda é bem nova.
Começamos por falar de Lisboa: de Lisboa, nem bom vento, nem bom casamento. Infelizmente, para quem lá vive também, é só um cheiro a m*rda repugnante, que sai das mãos daqueles a quem entregámos o nosso destino governamental por 4 anos - eles fazem porcaria que fica por mais 20 anos, em cada 4 que lá passam.
Um jornal vem falar de reuniões secretas para aqui para o Norte. Uma notícia que caiu bem no seio de uma certa instituição que gosta de fazer reuniões secretas... Com jornais. Um ciclo vicioso que só vai acabar quando alguém for apanhado... Cá em cima, pois em Lisboa as condenações não levam a nada.
O que convém ao despotismo é que o povo perca largos pontos de Q.I. a assistir aos especiais, directos e 24/7 da Casa dos Segredos. Lá é só beldades e intelectos de futuro, que nos fazem pensar que há esperança para os caminhos do nosso país: há muito candidato a calceteiro em Portugal, só cerca de 80 mil foram aos castings do programa. Que bom que é ouvir as esganiçadas Teresa Guilherme/Fátima Lopes/Júlia Pinheiro (já nem sei qual delas ocupa o trono da sopeirice portuguesa) a falarem das fofocas mais estapafúrdias durante esses programas. São profissionais do entretenimento e cultura, prestando um grande serviço à sociedade, sem dúvida. Aliás, que cultura não teríamos hojes se Camões se inspirasse em Tony Carreira, se Amadeo vivesse em festas de socialites em Cascais, se Fernando Pessoa tivesse começado a sua carreira a compor para a Ágata, se Luís de Freitas Branco tivesse começado como roupeiro do Estrela de Amadora... Sim, porque Luís de Freitas Branco é um celebérrimo comentador de desporto na televisão, topam?... Estamos bem de cultura, quem precisa de complicar muito com professores de EVT e música. Foram para um trabalho que é uma brincadeira, ninguém os mandou ir, comam lá com o desemprego, que o importante é ter profissionais de juventude partidária - são o futuro da nação.

Quem respira de alívio com todo este entretenimento cultural são os nossos empregados, aos quais nós pagamos salários mínimos e se esfalfam para garantir o melhor para cada um de nós - os senhores na Assembleia da República. E, porque somos todos uma grande e feliz família, porque não uns lugares para os filhos e sobrinhos de amigos de amigos (a repetição foi propositada) a assessorar, essa grande tarefa que é essencial para a economia do país - dá cabo dela.

Está quase a chegar o momento. Vêm aí legislativas. A cadeirinha já queima o rabo de quem lá passou estes anos, mas vai embora feliz, com bolsos cheios para si e para os amigos e direito a reformas de ministro, governante, parlamentar, etc. O seguinte virá, a toque de Edward Elgar; sairá a toque fúnebre de Mahler (Titan, 3º andamento), depois de promessas para um povo que, de 10 Milhões, passou rapidamente para os poucos que englobam "a família". E votar nos outros partidos? Até era bom! Eles muito reclamam, falam de fora com as ideias que é fácil ter de fora e nem se levantam para votar a favor de cortes na máquina parlamentar e governativa. Tudo diferente para uma continuidade, felizmente, porque é impensável governar a salários mínimos.

É uma história interminável esta. História interminável, uma canção que caiu bem no ouvido de alguns. Julgo que o refrão diz "lembra-te da promessa que fizeste"...

P.S.: julgo que não é preciso avisar que este texto vem impregnado de um bafo a ironia - ninguém virá ler, também...