sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Debate

A corrente política na Tertúlia da Má Língua é, por demais, conhecida: só queremos que se vá tudo f*der, condigna e desenfreadamente. Tudo o resto é m*rda.

Serve este intróito para nos colocar no âmbito do contexto de que vamos conversar um bocado. Ora parece que, na noite passada, terá havido um debate entre candidatos a primeiro-ministro da República Portuguesa - reparem que o nome do nosso país é um regime político. António Costa e Pedro Passos Coelho degladiaram-se de argumentos a tentar conquistar votos via televisão, ponto. Quero, desde já, dizer que, ao contrário de todo o portuguesismo que me corre nas veias, os ataques que faça ao PPC são à sua figura política, não ao homem com quem simpatizo pelas dificuldades que tem na vida dados os problemas da mulher - um cancro dos bicudos não passa nem com todo o dinheiro que a corrupção possa desviar.

O mais engraçado deste tipo de eventos televisivos é que isto até parece a sério. Mais, não percebo como nas redes sociais, nos dias de hoje, ainda se degladiam jovens em favor de um ou de outro. É daqueles mistérios do género de continuar-se a chamar Isabel à Elizabeth ou de quem teve a estúpida ideia de um acordo ortográfico que os retardados da Tertúlia da Má Língua ainda não adoptaram. Choca-me ver que há gente, muito nova, que apoia ou detracta este ou aquele e, inevitavelmente, de 4 em 4 anos está ali a defender o gajo da mesma cor em todas as ocasiões. Sim, a cor. Questiona-se o que raio vai nas mentes da rapaziada para continuarem a ir numa onda que, simplesmente, tem arrastado o país para um fundo cada vez mais sem fundo. Sempre a cor e o partido. As "jotas", os empregos que estão garantidos mas que "deram trabalho", os blazers aos 21 anos, o orgulho de não emigrar, a "participação na sociedade civil" (pseudo-congressos para os jotas andarem de cartaozinho pendurado ao pescoço) e as cuspidelas na cultura, que não merece ministério, que tem um ego do tamanho do mundo, que só gasta dinheiro desnecessário, etc e mais não sei o quê. É nesta bosta que se revêm e é nisto que vão votar? Força, então.

Fico pasmado com esta malta, a sério que fico. Tanta enxada para trabalhar e eles andam com "yes we costa" e afins... Que lhes está na cabeça? M*rda cor de laranja ou cor de rosa "hemorroidas", dependendo do partido?

Sendo o Estado uma entidade que nos governa e que deveria ter os seus lugares como emprego disponível aos melhores candidatos, como podem os portugueses escolher sem ligar ao currículo? Como podem dar vivas e continuar a deixar que, quem tem o emprego mais no fundo na cadeia profissional (estar empregado ao serviço de 11M de cidadãos) possa encarar aquilo como cadeira de poder e onde se ganha mais e cada vez mais que o comum anónimo.

Ide, votai neles, força, continuai a ser comidos...

sábado, 21 de dezembro de 2013

Conto de Natal (parte II)

Antero recebia todos os anos, pelo Natal, 100$00 do seu pai. Dava para uma gracinha, todos os anos, desde o seu tempo de meninice. O gesto do seu pai ainda se mantinha, mesmo na idade supostamente adulta, recebendo uma quantia pela altura, agora de €0,50 - mantinha-se basicamente o mesmo, para o Sachola não ficar triste com algum dinheiro a menos, no fundo, um gesto generoso do seu progenitor. Mas 2013 trouxe bónus. O vitelo que Antero criara nos últimos 7 meses já era um grande boi (não é um insulto), pronto para vender para a matança e dar carne. Com a receita de tal venda, o Sachola tirou €100 para realizar um sonho de criança: visitar a cidade.
Assim foi, munido de €100,50, Antero apanhou boleia com o Miquelino da Buraca, na sua Casal de 2, até ao apeadeiro do autocarro. Finalmente, após 2 horas e meia de espera, a carreira das aldeias iniciou a sua viagem de 3 horas pelas estradas mal alcatroadas da província, chegando finalmente à urbe imensa que abraçou o Antero numa realidade completamente estranha para o rapaz. Luzes, multidões e carros barulhentos com modelos que Antero nunca vira antes. Nem um barulhinho de motorizada de 50cc era perceptível para o apurado ouvido do Sachola, apenas brutos motões... Em algumas bermas e passeios estavam pessoas sentadas, muito magras e sujas. Para Antero, eram lavradores acabados de vir de uma lavoura a descansar antes de tomarem um banho... Mas, pensava Antero, "não estamos na altura das lavouras... E porque há pessoas a atirarem-lhes moedas? E onde estão os campos para lavrar aqui na cidade? Não vi nenhum...".
À saída do autocarro, Antero é surpreendido por um carro que assusta "meio mundo" ao passar em velocidade exagerada numa passadeira para aproveitar um amarelo do semáforo. Ao lado de Antero, um homem de boina, sexagenário, interpela o Sachola:
- Já viu menino? Esta gente hoje em dia não tem respeito...
- Realmente, senhor. Devia estar com pressa aquela pessoa!
O homem prosseguiu:
- É este país, esta maldita terra, governada pelos gatunos que estão na capital. Aquele maldito partido, o PFT, comandita de gatunos. Eles é que nos encaminharam para esta situação...
- Como assim? - perguntou, curioso, o Sachola.
- Quando era o PBA a governar, o país ainda tinha esperança, o grande primeiro-ministro João Platão, falava tão bem o homem... Lá fez o esforço.
- Há quanto tempo foi mudado o governo? - continuou Sachola.
- Há um ano... - respondeu o homem.
- E, num ano, o partido seguinte é que deu cabo de tudo?...
Interrompendo, algo nervoso, o homem respondeu:
- Ó menino, deixe-se de ilusões. Este país sempre foi pobre. o PBA sempre deu tudo ao povo, autoestradas, pontes, campeonatos de futebol, etc., etc....
- Ah, sim? Óptimo, porreiro. Sabe, eu nunca vi isso. - continuou Sachola, na sua ingenuidade algo rural - Quanto tempo esteve o PBA à frente antes do PFT?
- 15 anos. - respondeu prontamente o homem.
- E o que tem o PBA para o país? - continuou Antero a inquirir.
- Políticas do lado de lá! Isso sim, é que é bom para todos, para os ricos deixarem de roubar dinheiro aos pobres... Para as próximas eleições, lá vou eu votar no PBA outra vez... Ah, as saudades do Eng. Platão, a flor de espinhos vai voltar a florir com o país.
Na cabeça de Sachola tudo era confuso... Então, o partido que esteve mais tempo é inocente e o partido que está há pouco tempo é que é inteiramente culpado?

Mais à frente, Sachola entrou num café para tomar uma chávena. Pagou €2,00, e nem "tussiu". Pensava para si mesmo, "só por isto parecer um palácio pago quatro vezes mais que o café tão bom da terra"... "E sabe a mixórdia", concluiu após um golo.
Ao seu lado, um jovem nos seus vinte e tais, de gravata e fato e uma malinha, tomava da tal mesma mixórdia. Olhando para ele, Sachola pensava que o rapaz tinha bom corpo para trabalhar, pensado porque raio já estava ali a tomar café de fatinho, a horas normais de trabalho. Apercebendo-se da admiração e observação do Antero, o rapaz interpelou-o:
- Ora viva, caro amigo! Está bom o cafézinho?
- Nada mau, nada mau! - respondeu Sachola, para não parecer mal, enquanto ficava pasmado com o vocabulário do personagem - Se me permite, o senhor assim tão bem vestido, deve já ser um capataz numa firma, não?
Rindo-se amigavelmente, respondeu:
- Não, meu caro. Sou gestor e assessor numa empresa de topo.
- Ah... Bem, o que... O que é isso? - gaguejou Antero.
- Ah, bem, sabe como é... Tenho que ir para o escritório, a reuniões, fazer pareceres e aconselhar os chefes, assinar papéis, etc... - retorquiu o gestor/assessor.
Antero ficou curioso com tal profissão fora do (seu) normal. Prosseguiu:
- E que é preciso para se fazer disso vida?
- Bem, é assim: estudei na Universidade Lusófila Livre, tirei a licenciatura em ciências políticas e ingressei na empresa do meu pai. Conhece, o Fernando Ullrianov? - explicou o jovem.
- Não, não conheço... Se me permite, quanto ganha ao mês? - continuou o ingénuo Sachola.
- O meu pai é um militante de longa data do PFT, com anos de experiência nos bancos. Admira-me que não conheça... Bem, ganho €3000 ao mês, fora comissões. Nada mau, para primeiro emprego! - concluiu o jovem - Bem, tenho que ir fazer alguma coisa, hoje tenhos 2 holdings, 3 swaps e uma meeting. Tenho que fazer alguma coisa, não é?
Sachola nem respondeu, tal o número de "inglesices" com que se deparou...

Prosseguiu o seu passeio. Foi para a fila de um estabelecimento que vendia sandes de carne picada. à sua frente, um personagem de roupa larga, calças pelo joelho, cabelo grande ajeitado para um dos lados - talvez pelo vento - e brinco na orelha destapada. Curioso sobre as tais sandes, Sachola pediu informações ao miúdo:
- Desculpe jovem, o que se vende aqui?
- Yah, bute lá um beca mano... - respondeu o rapaz, com sorriso trocista, prosseguindo - Este é o McDonald's, vendem-se hamburgueres, sócio. Carne picada, alface e outras cenas, percebes?
- Ah, muito obrigado. O jovem anda na escola, está de férias? - Sachola andava desprendido na curiosidade.
- Eish, mano! Tu não me fales da escola! Pash! Estou farto daquela treta, percebes? Finalmente, pash! - respondeu o rapaz. Os professores são bué chatos. Um mano vai para lá para curtir uma beca e lá vêm eles moer a cabeça, "estuda", "faz os exercícios", "não balances a cadeira"...
Antero prosseguiu:
- Está a estudar para aprender o quê?
- Estudar é para burros. Pash! Eu ensino, não aprendo. A escola é para ir ver as babes, mano. Quero lá saber dos livros. Eu quero é ser DJ, sabes? Fazer umas misturas, meter uns vibes, curtir com umas babes. Tudo isso mano, festas porreiras, estilo swag, isso é que é vida!...
- E vais estudar para isso? - continou Sachola.
- Já te disse, mano, estudar não... Não é preciso.

Sachola deglutiu rapidamente a dita sandes, o hambúrguer. A carne parecia marshmallow, quando comparada com a boa carne que se criava na quinta de seu pai, exigindo mastigar por 20 vezes antes de deglutir. Caía a noite mais densa, com menos carros, e apenas as luzes de Natal. Era aquilo que Sachola queria ver, as ditas luzes... No entanto, após aquelas esquisitas experiências, Antero não se sentia seguro... Bom bom, era estar em casa. Sabia-lhe bem trabalhar e divertir-se num mundo sem PBA, PFT, políticas de lado-de-lá e lado-de-cá, trabalhos sentados a fazer "inglesices", calças pelos joelhos e dj's, vibes e afins...

domingo, 10 de novembro de 2013

Conto de Natal (parte I)

A nossa verborreia de hoje é dedicada a todos os venezuelanos. Sejam os caracoletas que se agitam num estrado de maestro a dar show-off, sejam os semi-lusitanos que, quando instados a prestar serviços à sua semi-Pátria, ficam logo de baixa médica. Viva a Venezuela! Vivam os Maduros que, decerto enfrascados em muito maduro, até antecipam o Natal, numa medida épica que vem levar à letra a expressão "o Natal é quando um homem quiser". Na Venezuela quiçá totalitária, é mesmo quando um homem quiser... Um só, aquele que manda. Antecipado que está o Natal neste país sul-americano, antecipemos nós também a nossa edição evitável do Conto de Natal, de modo a poupar o leitor de chatices mais lá para a altura do 25.º de Dezembro.

Ora, corria o ano de 2013 da graça do Senhor e desgraça dos portugueses. Antero Aníbal Teixeiró dos Santos "Sachola" vivia na paz contida da sua casa de sempre. Único de 3 irmãos (o mais velho meteu-se na droga e nunca mais foi visto, o do meio morreu num acidente de tractor, quando o arado mecânico ultrapassou o veículo e o abalroou), Antero levava a vida de tantos outros antepassados: era lavrador, não amador nem profissional, mas porque, depois da quarta classe, já chegava de chatices para o seu pai e foi obrigado a trabalhar na quinta a tempo inteiro. Teve a primeira leira de sua total responsabilidade aos 12 anos, onde plantava as couves e os feijões para o caldo. Conduziu o seu primeiro tractor aos 14 e a primeira junta de bois aos 17. Estava um homem feito, bem rijo e forte, coradinho nas maçãs e com mãos de aço. Desde a sua primeira copada de tinto maduro, por altura dos 8 anos, a sua voz tomou proporções de grossura num ápice, quando aos 13 anos os seus palavrões já não motivavam repreensões pelos velhotes que adormeciam ao sol. Estava um homem feito, pelo que a sua primeira motorizada, de marca incerta (dizia Zundapp no assento, Tâmega no depósito e Macal na crenagem do motor), comprada em 2ª. mão de uma anterior 2ª. mão com o dinheiro resultante da venda de 2 porcos e 1 vitelo que ele criou (iam ser 2 vitelos, mas um foi roubado para venda no mercado negro, sendo que testes de ADN resultaram na localização da sua carne num restaurante chinês em Seul), foi o dia mais feliz da sua vida. Com isto, já podia levar a passear a Clotilde, a bela moça que ele cresceu a admirar e a pensar amá-lo, sem se dar conta dos inúmeros namorados que ela ia tendo, actualmente o Porfírio "Zangão", filho do Presidente da Junta. A bela moça nunca dizia que não aos mimos que o "Sachola" lhe oferecia, sendo sempre uma companhia seca e cheia de indirectas que o obcecado apaixonado nunca percebia... Quantas vezes não fazia ele papel de "vela" ou "gato de confissão"... Nem sequer a "micro-ondas" (aquece para os outros comerem) ou "friendzoned" chegava. Uma ignorância que dava pena ver naquele moço... Ainda assim, um rapaz de talento. Antero tocava acordeão e era a presença habitual nos bailes da aldeia desde muito novo, perdendo notabilidade com a profusão de artistas de baile acompanhados pela sua "banda" (leia-se "piano electrónico da loja dos 300") e 2 mulheres de lingerie cheia de brilhantes a quem insistiam chamar bailarinas. Ainda assim, o "Sachola" não deixava de fazer furor nas aldeias da região, onde ia com frequência animar bailes em noites de Verão e festas religiosas. Tal não acontecia somente na freguesia de Arcanhos de Baixo, onde foi corrido a pontapé e 2 garrafas de cerveja na cabeça (uma delas cheia), por fazer olhinhos à filha ilegítima do padre, a Natércia, acto logo violentamente retaliado pela "matilha" de seguidores que a mulher tinha sempre ao pé a pagar-lhe bebidas e pacotes de batatas fritas. Antero também dava som a despiques - aquele improviso de versos ordinários característicos das aldeias portuguesas - pelo que esse era o seu sonho: acordeonista de despiques profissional.

(Esta história há-de continuar...)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A Venda de Esquina

(C) Google
Aqui há tempos vi um filme, no meio do zapping habitual na nossa televisão que, não podendo agradar a todos, opta por não agradar a ninguém. Tratava-se de uma distopia, de baixo orçamento, que primava, ainda assim, pela originalidade da ideia. Um qualquer vírus começava-se a propagar, com o sintoma de aumento dos níveis de testosterona nos homens. Com isso, estes ficavam com uma agressividade maior, principalmente face às mulheres. Com o tempo, estas eram cada vez mais espancadas e, até mesmo, mortas. As mulheres iam desaparecendo no planeta, com a tal propagação do vírus e, em 2 ou 3 gerações, os seres humanos extinguir-se-iam. No final do filme, era apresentado ao espectador a finalidade de tal acontecimento: tratava-se de um processo silencioso de colonização do planeta Terra por parte de uns extraterrestres.

Pois bem, para quem acha que sou um teórico de conspiração e não gosta disso, não precisa ler mais nenhum parágrafo.

Vamos lá ver. Portugal sempre terá desafiado a ordem mundial das coisas... Quanto mais não seja, a partir do momento em que se tornou uma potência, derivado dos Descobrimentos ultramarinos. Senão, vejamos: Espanha viveu toda a sua história com o recalcalmento de inúmeras tentativas de nos anexar. Os ingleses, por mais que uma vez, lá se iam "encostando", a ver se ficavam com o burgo - tanto que a letra original d'"A Portuguesa" manda marchar contra os Bretões, ao invés dos canhões - os holandeses e ingleses "roubaram" o quanto puderam dos nossos territórios ultramarinos após a borrada de D. Sebastião, os grandes tiranos europeus guardavam a invasão a Portugal como a última grande demanda até ao Atlântico... Será que Portugal, na sua grande insignificância, interessa ou estorva assim tanto a alguém? Alguém, por aí (e agora não estou a falar em ET's, car*lho), deseja controlar este pequeno rectângulo que, embora poucos saibam, está cheio de recursos e é das melhores janelas da Europa para o Atlântico? Se sim, porquê?

Voltemos atrás no tempo... O século XX começa com as nações europeias a quererem repartir África por elas todas (ou a Inglaterra a querer dar só um bocadinho aqui e ali), deixando umas migalhas a quem "lá chegou primeiro" - nós. A gente quis um pouco mais, e logo os nossos mais antigos "aliados" estacionaram navios de guerra para nos tramar. A monarquia que tanto valor dava a esse nosso Império logo foi aniquilada. O Estado Novo que segurou esse colonialismo até ao fim, foi minado aqui e ali por outras potências que forneceram as guerrilhas que, bem, lutavam pela sua libertação em África...
Chegados ao fim disso, o que acontece? No jovem regime multipartidário de 74/75 é aclamado um novo Rei de Portugal e dos Algarves, de seu nome Mário Soares, que se passeia como se tivesse feito a Revolução sozinho. Logo se concentra em acabar com a guerra: concede independência às nações africanas e deixa de dar apoio do Governo aos portugueses (civis e militares) que lá estão, condenados a perseguição e fuga pela vida; sem planear o nascimento dessas novas nações, condenadas a guerras civis longas e mortíferas. Será que, nesse momento, o Bochechas não vendeu Portugal a alguém? Se sim, em troca do quê?
Desde então, e com a benção de Lorde Soares, Portugal meteu-se numa Comunidade Europeia e num Euro em tons de Reich e Marco, respectivamente, e como a actualidade comprova. O dia-a-dia de governação portuguesa resulta na criação de condições para os (jovens) profissionais portugueses não terem... Condições de desempenharem as suas funções. A emigração passa a ser uma opção cada vez mais comum, inclusive aconselhada pelos governantes e sempre relembrada, seja por anúncios da Sagres, seja pela personagem eleita como o "mais melhor" cantor das "camas solitárias" que, ele próprio ex-emigrante, muitas canções "compõe" baseadas na sua experiência. A cultura e as tradições nacionais estão cada vez mais destruídas e esquecidas, substituídas por modas importadas e com grandes nomes da história vetados ao pó. A língua portuguesa começa a ser mais brasileira (no palácio de Buckingham, há tabuletas com mensagens explicativas onde as versões portuguesas são sinalizadas com a bandeira do Brasil). No estrangeiro, Portugal é desconhecido, como se fosse uma província espanhola. De Hollywood, sempre que há referências a explorações ultramarinas, isso é sinónimo de Espanha - basta dar como exemplo as várias versões da viagem de Colombo, face à inexistência de uma sequer da viagem do Gama ou do Álvares Cabral, a primeira até bastante romantizada por Camões que, igualmente, vê Cervantes e os clássicos gregos já gastos nessas mega-produções e nem um cantinho para o épico Lusíadas...
A cereja no topo do bolo é, ainda assim, a estupidez. Sim, porque de geração em geração, os portugueses estão cada vez mais estúpidos. Uma qualquer excepção dirá "eu não sou estúpido, nem todos o são". Parabéns, é a excepção que confirma a regra! Os jovens que se vêem por aí são cada vez mais ignorantes, burros e sem ambições (reais) na vida. E, o pior, é que esse modelo é propagandeado pelas televisões em novelas, reality shows e programas "da Júlia" que, mais que mostrar o verdadeiro Portugal, impregnam esse verdadeiro Portugal no quotidiano...

Portugal fica, assim, cada vez mais sem cultura, identidade, coesão, intelecto, noção do que se vai passando, capacidade de reacção, potencial e talento que debanda para o estrangeiro. Fica um rectângulo com uns poucos proles e cheio de recursos que ninguém aproveita e ninguém guia para se aproveitar. Quem teria intenção disto?...

quarta-feira, 8 de maio de 2013

No País do Fado

"Ai o meu triste Fado"... Bem-vindos a Portugal. O país que, antes de entrar na crise, já tinha os cidadãos cabisbaixos e com cara mal-disposta; o país onde um dia de trabalho é passado com um colega a intrigar sobre outros colegas; o país onde, mais que uma crise de corrupção, economia ou política, há uma crise de valores; o país onde qualquer nabo gosta de mandar postas a outros nabos, como se fosse ele o legítimo corrector de costumes (e eu sou um exemplo desses nabos); o país onde, cansados do português difícil de escrever, decidiram optar pelo português da Rede Record, rotineiro nos serões da SIC. E depois, fica esse Fado dos tristes e vítimas, que estão a ser tramados por todos os lados e, mesmo assim, nada fazem para se safarem... Também não quero exagerar, qual Miguel Gonçalves... É o triste Fado com que temos que levar nos programas da manhã com histórias tristes e um investigador jornalista criminal a debitar outras tantas...

Serve isto para falar um pouco da fantochada que tem vindo a haver à volta de um acontecimento para o qual, penso eu, deveria de haver um respeito e privacidade maiores: na passada sexta-feira, na preparação para a Queima das Fitas portuense, foi assassinado um jovem na sucessão de um assalto.
Vamos começar pelo seguinte: em 6 anos de estudante nunca soube para que é que servia a FAP. No máximo, pensei que fossem um interface para a praxe académica sem recorrer ao latim macarrónico... Sei que têm filhos (praxes) e enteados (Orfeão Universitário), sendo que não são parcas as histórias dos filhos a f*derem a vida aos enteados... Mas dou de barato que sou o ignorante que sou e que há coisas que desconheço ou acções da FAP das quais eu até possa ter sido beneficiado. Respeito, assim, quem tenha alguma opinião sobre a dita federação e a exponha, para criticar ou elogiar, consoante os factos reconhecidos e divulgados.
O Marlon foi assassinado, brutalmente, enquanto tentava safar os seus colegas de um assalto com vista à apreensão do dinheiro que ele tanto se esforçou para ganhar num evento para o qual deu o seu tempo para se realizar. Um evento que eu não gosto muito, devo dizer, mas que exige esforço e organização por parte de muita gente. O que acontece? A maior cromalheira com direito a colunas de jornais vem logo acertar o passo à FAP por não cancelar a festa... Preferem continuar as bebedeiras que prestar "respeito" ao falecido...
O que eu tenho a dizer é que esses colunistas (chegou ao ponto de um deles ser o editor de um Jornal de Negócios...) são todos uma cambada de hipócritas... Alguém ouviu a família criticar esa decisão de continuar o espectáculo? Aliás, o devido espaço à família estará a ser respeitado, quando dão a isto uma importância capital desse tamanho? Alguém está a pensar naquilo que o rapaz iria desejar, se pudesse falar? Ele morreu a dar a vida pelo evento e ele sabia que é um antro de bebedeiras. Era o que ele queria e é respeitável fazê-lo. A família terá a sua privacidade para o enlutar e tentar ultrapassar o sucedido, sabendo que conta com o respeito e solidariedade de todos os quantos estarão na festa a honrar aquilo que o rapaz também tinha direito a festejar.

Portugal para para as suas tragédias. Tem todo o direito a fazê-lo, no bom sentido. Mas os "brandos costumes" incitam as pessoas a transformar estes momentos num "muro de lamentações". "Ai meu rico [filho, pai, mãe, etc...]" pelo Facebook com acesso público para qualquer um meter o bedelho; parem o país para a família levar com uma lembrança pública do que lhe causou dor; estamos mal e não andamos para a frente porque aconteceu a tragédia "x"... Por amor de Deus. Morreu-me um ente querido. No dia dos seus anos faríamos um churrasco. Agora não podemos fazer? É um dia para chorar e respeitar, porque na sua eterna morada o que ele quer é que nos ajoelhemos e rezemos 20 avé-marias e mantenhamos o silêncio e choremos? Tretas! Ele havia de querer continuar o churrasco, porque estará um dia bonito, e porque quer ser relembrado assim, feliz, contente e a gozar a vida... Tenho a certeza que o Marlon também quer ser lembrado como um jovem que gostava da festa e que era feliz, ao invés de perpetuar a sua dor em momentos de silêncio ensurdecedor. A verdadeira dor, a mais profunda que a sua família acarretará para todo o sempre, essa nunca desaparecerá. Continuar aquilo que o fazia mais feliz é um princípio para o respeitar e tornar eterna a sua presença. Mas não! Neste Portugal de brandos costumes, conforme vem este cromo expor uma ideia que, pelos vistos, é visão única, todo o cromo, que nem sequer conhece a família ou o rapaz, vem expor a ideia que a FAP é um bando de m*rdas e corruptos, só porque continuam com a festa que este miúdo adorava e se arriscou para que não deixasse de haver... Até afirmam que a festa arrancou na mesma noite, quando sabemos que o incidente ocorreu na véspera do arranque... Enfim, detalhes no país das "verdadeiras 1000 mentiras".

Como diria o outro Marlon, que até era mais Brando, "é tudo uma palhaçada"...

sábado, 23 de março de 2013

Gozo Monumental...

Vamos falar a sério, com calma, coerência e racionalidade: quem foi que teve a estúpida ideia de ir buscar este palhaço para comentar política na estação pública? Dou de barato uma coisa, como político, sim, ele foi o melhor dos últimos anos, sem dúvida alguma. Mas como governante? Foi uma merda, com as letras todas - é injusto dizer que só ele foi mau, tem sido um ascendente de incompetência. Só que, em Portugal, baptiza-se governo de política e, tudo o que vemos, são argumentações, ideias sem conclusão, dizeres baratos e comícios partidários sem resolução nenhuma para o nosso país que, diga-se para os menos atentos, está de pernas para o ar... Ok, esta todos sabem...

Sócrates é responsável por diversas megalomanias sem necessidade, como a 3ª autoestrada para Lisboa, o TGV e o aeroporto da OTA (apesar da necessidade e da sua não-conclusão, eram maus planeamentos), a autoestrada de Trás-os-Montes, etc... A governação dele pautou-se por um choradinho para antecipar eleições, um afundar da situação negativa do país num pique mais acelerado que os seus antecessores e um esconder da verdade até ao momento em que nada mais teve a fazer senao chamar ajuda externa, admitindo finalmente que não tinha soluções e que as promessas de melhorias em "2000 e..." eram somente devaneios para suprimir os anseios da prole... Em suma, a par do actual executivo, Sócrates foi the ultimate coveiro, com a diferença de estes actuais estarem a cumprir com um acordo que o seu executivo assinou... E mais, casos jurídicos sobre corrupção onde ele teria tomado parte, sem explicação final e "abafados" pela imprensa, qual Relvas...

Sócrates foi afastado do Governo, foi viver para Paris, quiçá sustentado por dinheiro público (nosso), tirar um curso qualquer, como que um heroico exilado. Volta agora, para um cargo honorário público, novamente, onde certamente não fará um serviço de borla e dará abévias de uma função que ele executou com mestria de nabo... Quem não me diz que, tal como muitos outros, isto não é apenas o princípio do "grandioso" caminha para tornar este homem num Presidente da Repúblic, o cargo dos passeios, bitaits e da "miserável" mas valiosa reforma?

O que me chateia mais nem é isto... Nem ao Marcelo nem ao Sousa Tavares ligo, que nem tenho em tão má consideração. É só mudar de canal. O que me chateia é que já vi pelas redes sociais manifestações de apoio, admiração e veneração pelo homem e pelo futuro dele como comentador... Esta é a grande prova que a raíz da crise, o grande tumor que iniciou todo este cancro, estava, não nos órgãos de soberania, mas no povo. Sim, esse que é a grande vítima de todo este cortejo de más decisões. Afinal, com a existência de PS's sócratistas (ou sócretinos), como muitos outros devem haver admiradores de outros políticos de m*rda, chegamos à conclusão que Portugal é um país de seguidistas. Não optam pela melhor estratégia, ideia ou curriculum. Em vez disso, a grande maioria dos comuns votantes segue cegamente a pessoa mais bonita, o líder mais carismático do seu partido, a sua cor cega... Optam por dar "mais voz à oposição", "mais peso às políticas de esquerda", maior continuidade ao duo PS/PSD, em vez de optarem pelo melhor colocado para resolver os nossos problemas de gestão.

Sim, porque os partidos deveriam funcionar como empresas de prestação de serviços de gestão de uma companhia, o nosso país. Com base no seu currículo e no de quem forma a equipa de gestão, com base no projecto e no planeamento, o nosso país "contrataria" então o partido para o desempenho do serviço, tendo no fim de cada ano esta equipa que prestar provas aos "patrões". Em caso de incompetência, um despedimento e fim de contrato por justa causa sem direito a qualquer indemnização. Sim, um partido político deveria consistir nisto, uma equipa de empregados que contrataríamos para trabalhar para nós... Ouviram [leram] bem, seriam os nosso empregados. Em vez disso, são organizações fechadas, onde a argumentação e o compadrio serve para subir a pulso e onde todos devem remar para o mesmo lado, exactamente o lado oposto dos restantes partidos. Uma vez no poder (porque em Portugal eles não são nossos empregados, são afinal a maior posição de poder) é para seguir o melhor caminho para o partido, não para o país... E o povo, acede a estes princípios, deixando-se enganar pela forma como são apresentados...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Mulher Moderna


O divórcio, hoje em dia, é usado cada vez mais como arma de arremesso do feminismo. Já extravasou em muito os limites das célebres músicas da Ágata, em que a saudosa Maria Fernanda se passava com o marido “bigodaças” que lhe devia “acertar o passo” todos os dias, ao troco do que ela, com toda a razão do mundo, retorquia choramingando que “Não és homem para mim, eu mereço bem melhor”, “podes ficar com o carro, a casa [e mais não sei o quê], mas não fiques com ele”, sendo que o “ele” era o “Francisquinho, meu amor”… Enfim, quem ouvisse os atentados à arte em que as canções de Ágata consistiam, com a sua voz inconfundível e o sintetizador de baile (uma autêntica orquestra) ficava com a ideia que a mulher estava toda negra, que o “bigodaças” chegava a casa do café, bêbedo como um menino, f*dido porque o seu Benfica perdeu mais uma vez e desatava a “azapar” na Maria Fernanda e no Francisquinho porque a comida se encontrava demasiado insossa, ou porque a mulher lhe trocou as almofadas. Começou a surgir, então, o conceito de divórcio nas mentes menos habituadas. Um casal tem problemas incorrigíveis, de parte a parte, e termina a relação matrimonial. No entanto, a mensagem de Ágata propagou-se de forma unilateral e clara: a mulher é fraquinha, leva no pelo quando dá na gana ao homem e, por essa razão, deve-se divorciar pelos maus-tratos…

Em pleno século XXI, chega a Internet ADSL e fibra e mais não sei o quê em todo o seu esplendor. A mulher, que saiu de casa para trabalhar, volta até casa, pela crise, senta-se no seu computador com Internet à borla e toma contacto com esse mundo. Facebook e Google, as “escadarias para o céu”, as fontes de conhecimento. E conhecimento é poder. E com grande poder vem grande responsabilidade. E poder a mais desencaminha.

Hoje vive-se o paradigma da mulher moderna. Qualquer mente equilibrada pensa: mulher moderna é a mulher que vive a sua vida como um homem, isto é, tenta ser feliz, trabalha, come, manda e obedece, equilibra a sua vida com a vida dos que a rodeiam, tem valores e é fiel a si mesma… Penso que o próprio Dalai Lama poderia ter esta noção, ele que é sempre muito assertivo nas suas análises e reflexões. Se ele não a tem, tenho-a eu. No entanto, a mulher moderna surge na nossa sociedade (tão “tuga”) com outro significado: está bem é sozinha, depende de alguém mas não o quer admitir, gosta é de sair com as amigas que são da mesma forma, quer-se vestir para agradar ao mundo, é superficial e já não se diverte com as maravilhas do “mundo antigo”, rendida à “cosmopolitanice” deste novo mundo onde se encontra, deixando de ser fiel ao que sempre foi e aos valores que sempre seguiu.
Surge esta nova metamorfose do divórcio. A mulher moderna não precisa do marido, ele é que precisa dela, porque a noção de uma interdependência no casamento passou-lhes ao lado. A mulher moderna é sempre a vítima e as coisas que fez mal ao marido, foi por culpa dele… Ou melhor, não aconteceram porque não interessa falar. A mulher moderna esquece rapidamente as boas experiências de toda a sua história porque, agora, com a sua metamorfose, as boas experiências são algo completamente diferente. Em suma, a mulher moderna tem sempre razão, até mesmo quando não tem… Mais aberrante que um machismo do qual se queixa por “peanuts”, é o feminismo que exulta com toda a força da sua ingenuidade.

A mulher moderna divorcia-se, sem dar a adivinhar que a relação está mal, só porque se lembrou, da noite para o dia, de transformar o seu “marido exemplar” no homem que “sempre a tratou mal”… Não explica, apenas é como é e é assim e acabou. A mulher moderna tem sempre razão, reitero, e os filhos que lidem com essa razão, quer a compreendam quer não…