sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Mulher Moderna


O divórcio, hoje em dia, é usado cada vez mais como arma de arremesso do feminismo. Já extravasou em muito os limites das célebres músicas da Ágata, em que a saudosa Maria Fernanda se passava com o marido “bigodaças” que lhe devia “acertar o passo” todos os dias, ao troco do que ela, com toda a razão do mundo, retorquia choramingando que “Não és homem para mim, eu mereço bem melhor”, “podes ficar com o carro, a casa [e mais não sei o quê], mas não fiques com ele”, sendo que o “ele” era o “Francisquinho, meu amor”… Enfim, quem ouvisse os atentados à arte em que as canções de Ágata consistiam, com a sua voz inconfundível e o sintetizador de baile (uma autêntica orquestra) ficava com a ideia que a mulher estava toda negra, que o “bigodaças” chegava a casa do café, bêbedo como um menino, f*dido porque o seu Benfica perdeu mais uma vez e desatava a “azapar” na Maria Fernanda e no Francisquinho porque a comida se encontrava demasiado insossa, ou porque a mulher lhe trocou as almofadas. Começou a surgir, então, o conceito de divórcio nas mentes menos habituadas. Um casal tem problemas incorrigíveis, de parte a parte, e termina a relação matrimonial. No entanto, a mensagem de Ágata propagou-se de forma unilateral e clara: a mulher é fraquinha, leva no pelo quando dá na gana ao homem e, por essa razão, deve-se divorciar pelos maus-tratos…

Em pleno século XXI, chega a Internet ADSL e fibra e mais não sei o quê em todo o seu esplendor. A mulher, que saiu de casa para trabalhar, volta até casa, pela crise, senta-se no seu computador com Internet à borla e toma contacto com esse mundo. Facebook e Google, as “escadarias para o céu”, as fontes de conhecimento. E conhecimento é poder. E com grande poder vem grande responsabilidade. E poder a mais desencaminha.

Hoje vive-se o paradigma da mulher moderna. Qualquer mente equilibrada pensa: mulher moderna é a mulher que vive a sua vida como um homem, isto é, tenta ser feliz, trabalha, come, manda e obedece, equilibra a sua vida com a vida dos que a rodeiam, tem valores e é fiel a si mesma… Penso que o próprio Dalai Lama poderia ter esta noção, ele que é sempre muito assertivo nas suas análises e reflexões. Se ele não a tem, tenho-a eu. No entanto, a mulher moderna surge na nossa sociedade (tão “tuga”) com outro significado: está bem é sozinha, depende de alguém mas não o quer admitir, gosta é de sair com as amigas que são da mesma forma, quer-se vestir para agradar ao mundo, é superficial e já não se diverte com as maravilhas do “mundo antigo”, rendida à “cosmopolitanice” deste novo mundo onde se encontra, deixando de ser fiel ao que sempre foi e aos valores que sempre seguiu.
Surge esta nova metamorfose do divórcio. A mulher moderna não precisa do marido, ele é que precisa dela, porque a noção de uma interdependência no casamento passou-lhes ao lado. A mulher moderna é sempre a vítima e as coisas que fez mal ao marido, foi por culpa dele… Ou melhor, não aconteceram porque não interessa falar. A mulher moderna esquece rapidamente as boas experiências de toda a sua história porque, agora, com a sua metamorfose, as boas experiências são algo completamente diferente. Em suma, a mulher moderna tem sempre razão, até mesmo quando não tem… Mais aberrante que um machismo do qual se queixa por “peanuts”, é o feminismo que exulta com toda a força da sua ingenuidade.

A mulher moderna divorcia-se, sem dar a adivinhar que a relação está mal, só porque se lembrou, da noite para o dia, de transformar o seu “marido exemplar” no homem que “sempre a tratou mal”… Não explica, apenas é como é e é assim e acabou. A mulher moderna tem sempre razão, reitero, e os filhos que lidem com essa razão, quer a compreendam quer não…

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