quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O legado do barbudo

Tem sido emitida na RTP1, à noite, uma série baseada em factos verídicos. Trata-se de uma reconstituição do episódio de 1908, que impulsionou o movimento pela instauração da República em Portugal – o Regicídio, no qual morreu o rei D. Carlos e o Infante D. Filipe. Reinaria por mais dois anos o irmão, Manuel, segundo de seu nome, até que, em 1910, enfiaram uma mulher com duas mamas ao léo na assembleia de deputados.
Não vou dirigir nenhuma crítica à produção da RTP. Bem pelo contrário, à imagem de outras séries históricas desta estação, esta também transpira qualidade, mostrando que a RTP procura incentivar uma melhor cultura do povo português, ao invés das mesmas novelas e laironas que estão sempre a passar nos outros canais. Porque a história das audiências não cola. A verdade é que as pessoas vêem o que os canais lhes mostrarem. E se, pelo menos os dois primeiros da grelha, ainda se esforçam por mostrar variedade, os restantes dois só mostram parolices, patrocinando e incentivando as maiores falhas culturais de que há memória, elevando à categoria de ídolos autênticas fraudes.

Voltando ao assunto, aquilo que hoje este blogue depenado vem falar é do próprio acontecimento – o Regicídio. Ora vejamos. O barbas e o outro (sim, porque o Buiça – ou Boiça – é que ganhou fama, pela sua barba de dois anos por fazer; o outro gajo que se f*da), no meio de uma enorme conspiração, decidem ir para o meio do Terreiro do Paço lá na terra dos mouros e disparar sobre a “pobre” família real portuguesa. Um tiro ao rei, outro ao infante e borraram ainda as cuecas à D. Maria Pia, que apanhou um valente c*gaço, mas que ainda ripostou com a sua bolsinha. Uma tentativa falhada, mas significativa, para instaurar o regime republicano, para arrumar com os abutres que, sob a alçada da monarquia, sugavam o tutano do povo. Uma inssurreição contra o rabo entre as pernas nacional face ao mapa “côr-de-rosa” (foi na república que fomos para cima dos ingleses?). Veio mais tarde a dita mulher das mamas bicudas. 1910, o ano da instauração. O dia virou feriado, sendo assim até mais significativo que o próprio dia da Independência de há quase 900 anos atrás. Só a primeira república, que durou pouquíssimos anos, tivemos um sem-número de governantes. Veio depois uma ditadura, que colocou o aparelho do estado na ordem, sim, mas aprisionou os portugueses. Quase meio século depois veio uma Revolução (esta sem infringir o quinto mandamento [é o quinto, certo?]), um pouco na onda “neo-comunista” que se fazia sentir por todo o mundo. Mas, de comunista não teve nada. Findada esta lição básica de história de Portugal, podemos todos relatar agora o que temos após a dita Revolução. Um bando de abutres, novamente. Talvez até piores que aqueles que o barbudo ousou exterminar. Quando alguém ousou vir governar com o mínimo de boas intenções, levou com pressão alta. Houve um até, que lhe enfiaram um não-se-o-quê no avião para o matar.

Estamos entregues a abutres da pior espécie, com promessas de várias cores, da esquerda e da direita, para apenas vivermos ainda pior. E celebram quando o barbudo enfiou um tiro, e mais o amiguinho, na vitela do penúltimo rei e no couro do príncipe, borrando as cuecas à rainha. Celebremos os fantasmas, entregues aos monstros.

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