quinta-feira, 12 de junho de 2008

Lição de história

Em Maio de 1926, uma Revolução põe fim à primeira experiência fugaz de República em Portugal. O poder passa a ser ditatorial, entrando em vigor em 1933 uma nova Constituição. Neste novo período que se iniciara em 1933, entrou para o cargo de Presidente do Concelho de Ministros o Dr. António de Oliveira Salazar, o ditador de Portugal. O país caía assim numa época negra quanto à liberdade de valores. Em termos de futebol, o poder instaurava-se no Sul. Após ter ganho as primeiras edições das competições nacionais, o FC Porto ver-se-ia privado por muitos anos de ganhar tais títulos, em prol do favorecimento de clubes do Sul, tais como o Sporting CP, até mesmo o Belenenses (!) e, principalmente, o SL Benfica. Como é tido que Franco em Espanha favorecia o Real Madrid, aqui é mais que sabido que Salazar favorecia o Benfica. Era o clube do Regime. Várias histórias se contam. Tais como a de Eusébio ter sido desviado da rota do Sporting, a história de o FC Porto ter ganho um campeonato porque a chamada para o árbitro caiu, a história do árbitro que deu 20 minutos de compensação ao Benfica... Tudo isso está escrito e provado. O futebol nacional ganhava aí vários vícios. Acompanhava, enfim, a liberdade do país em geral. Até que, em 1974, o país se liberta. A Revolução dos Cravos pôs fim a este regime. Na nossa história em particular, os vícios foram-se desenraizando aos poucos. Com o clube desfeito pelos 41 anos de ditadura, Pinto da Costa traz consigo, aquando da suas funções como director de futebol, José Maria Pedroto. Enraizado no lendário Yustrich, Pedroto devolve o título ao clube 19 anos depois. A mística do Dragão começa a renascer a partir daí ainda mais forte. Tal foi a força de combate ao centralismo no futebol, que Pinto da Costa foi afastado pelo presidente de então, simpatizante dos sulistas. Regressou para a presidência finalmente, sem margem para dúvidas, regressando também Pedroto, iniciando um ciclo sem precedentes na história do futebol.

Em 1984, atingem a primeira final europeia, Taça das Taças, perdendo num jogo contra a Juventus, com um penalty ainda hoje questionado. Em 1987 surpreenderam a Europa ao vencer a Taça dos Campeões Europeus, levando para Portugal um troféu que mais ninguém tem, porque nos anos 60, o desenho era diferente. Acompanhariam esse troféu com a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental. Nos anos 90 chegaria a mais um feito inigualável, ao vencer 5 campeonatos nacionais seguidos. Daria o sinal para mais glórias internacionais, ao chegar aos quartos de final da Liga dos Campeões onde foi afastado pelo Bayer de Munique num jogo também contestado. Em 2003 confirmar-se-ia esse presságio, com a conquista da Taça UEFA. No ano seguinte viria mais uma Liga dos Campeões e uma Taça Intercontinental (esta ainda mais nenhum clube português a tem). Em 2004/05 o percurso vitorioso a nível interno seria interrompido por um polémico título para o Benfica, mas no ano a seguir, reconstruir-se-ia uma equipa vencedora que avançaria até ao tri-campeonato, provando neste último toda a sua supremacia, com 20 pontos de avanço. Por toda esta história marcaram figuras importantes do futebol mundial, tais como Futre, Gomes, Madjer, João Pinto, Artur Jorge, Vítor Baía, Jorge Costa, Aloísio, Bobby Robson, Drulovic, Capucho, António Oliveira, Deco, Jardel, Ricardo Carvalho, José Mourinho, Lucho González, Quaresma, Lisandro López, Pepe...


É então que avança um ataque sem precedentes ao clube. Outrora ganhadores, agora sem competitivade nenhuma, os órgãos dirigentes do Benfica usam de todos os meios para apunhalar o FC Porto. Conseguem que, a partir de jogos de 2004, em que o Porto não precisava de ganhar e em que peritos não apontam o dedo para eventuais irregularidades, o clube azul seja acusado de corrupção, sem provas e abafando outros indícios de práticas ilícitas de si mesmos. Com uma comunicação social aderente a esta causa, o clube das Antas sofre, chegando o caso até à UEFA, podendo ficar o clube sem permissão de participar nas provas da organização europeia. Por esta lógica, o Benfica, que ficara no desprestigiante 4º. lugar, ganharia o direito de participação na Liga dos Campeões.

Desrespeitando a história, cuspindo na cara de todos aqueles que levaram o país à glória, os invejosos tentam esquartejar um clube que, mesmo a ser verdade, não foi nem uma décima de corrupto do que eles foram. Seja defendida a verdade desportiva. Mas seja defendida a verdade em geral, que não acusa ninguém sem provas. Ninguém pode ser acusado de ter roubado um carro quando este permaneceu na garagem do seu dono. Assim como não terá havido corrupção se os jogos decorreram de forma normal. E o Porto nem ganhou um deles. Abafaram-se os factos em prol de acusações sem fundamento. E, mais uma vez, o norte é que paga.

Toda esta história é verdade. Tratam-se de factos escritos e não histórias inventadas.

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