quarta-feira, 25 de junho de 2008

Mais uma greve

Vou contar-vos uma novidade. Algo que só acontece muito de vez em quando. Como uma passagem de um cometa. Ora quero-vos contar que os funcionários do "Metro do Porto" estão em greve. Sim, em greve. Admira como é que funcionários destes, que trabalham trabalham sem parar, fazem greve agora...
Não. Não é novidade. Há greves dos funcionários do "Metro do Porto" quase todas as semanas. Protestarão do preço do combustível? Do preço da borracha para os pneus? Ou, agora a sério, de salários baixos? De possíveis despedimentos? Não sei. Só sei é que protestam. E muito. Os horários das pessoas ficam completamente alterados, quando estas se entregavam à celeridade do metro. É, sem dúvida revoltante chegar atrasado aos exames ou ao trabalho com tempos de espera de uma hora e ainda ver os revisores com cara de polícias, todos à coca na estação da Trindade, a ver se ninguém viaja de borla. Não há hipótese. Temos de pagar pa chegar atrasados. Porque os trabalhadores protestam desenfreadamente. É na semana da Queima das Fitas, na semana de S. João. Sim, tudo planeado estrategicamente. Como é hábito de português - as greves de um dia ou são à segunda ou à sexta. Porque será? Também não sei. Sei é que os protestos, em vez de tirarem alguma coisa do Governo, apenas dificultam a vida ao cidadão normal. Minha gente, o país está numa lástima, está visto. E não podemos reinvindicar o que não pode haver. Não vão uns reinvindicar para estragar a vida aos outros. Todo o cidadão é livre disso. Mas já começa a ser um exagero. Além disso, foi isto que a maioria escolheu.

Pensemos. Houve o governo de Mário Soares, um dos grandes heróis de Abril, a quem devemos alguma coisa, que conseguiu que Portugal beneficiasse de fundos europeus preciosos. Houve o governo de Cavaco Silva, prestigiado economista e governante respeitado em toda a Europa, aproveitar esses fundos em reformas e construção de infra-estruturas. Ambos os governos, dos mais simbólicos dos últimos tempos, faziam com que o povo tivesse que viver reativamente apertado, mas davam algo em troca. Já o governo do engenheiro Guterres, soube "desapertar o cinto" e dar a todos uma vida mais desafogada, aproveitando os fundos para construir uma mega ponte sobre o Tejo, uma exposição em Lisboa e dez estádios de futebol para um campeonato europeu. Conclusão: o povo ficou desabituado a esforços financeiros, o país gastou o seu já pouco dinheiro e avizinhava-se uma crise. Ora depois, passados alguns anos, o povo português, que hoje protesta e passa mal, volta a eleger a mesma equipa de Guterres, com os cargos trocados. Uma equipa que, depois de nos atirar para a crise, ainda mereceu credibilidade. E o que acontece? Os fundos são aproveitados para construir um mega-hospital em Lisboa, um tgv até Lisboa, um aeroporto em Lisboa... As reformas visam elitizar o ensino artístico, ignorando a existência aleatória de talento, e fazer estatística pelo diploma e não pelo conhecimento. E, cada vez, custa mais sustentar isto. Cada vez vem menos para o povo português. Saiba-se que se votou em assembleia sobre a existência de duas reformas ao mesmo tempo (de trabalhador e de governante), e não só uma, para o Presidente que abandone o cargo. Pois ninguém votou contra. Nem mesmo os comunistas que tanto "defendem os direitos dos trabalhadores". Pois não. Isso interessa-lhes. São eles que têm essa hpótese de governar e depois usufruir dessas reformas. E nós, ainda mais vamos ter que pagar.

É esta a realidade que temos. Vale sempre a pena fazermos esforços para sobreviver, mas quase já nem vale a pena protestarmos. Os governantes não querem saber de nós e, com aquele sorriso cínico, afirmam que os protestos de nada valem, que só vêm destabilizar, e que o país anda "porreiro pá". Pois bem. Para eles o dinheiro é certinho e cheiinho. O mais revoltante é que, muitos dos que hoje protestam, voltam a votar nos mesmos, atraídos pelas suas milongas e promessas. É o resultado de as pessoas apenas votarem pela sua cor política, em vez de irem pela credibilidade do candidato. Maior fidelidade a um partido que ao seu país. Depois dá nisto.

Tenhamos todos vergonha, pois já muitos anciãos dizem que preferiam que hoje ainda fosse igual à época mais negra da nossa história - ditadura e repressão. Preferir isso à mixórdia de hoje é preocupante. Muito preocupante.

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