segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Futebol sem palas

Acredito pouco na comunicação social. Após um campeonato 2003/04 em que o Porto era definitivamente a melhor equipa e venceu tudo sem sombra para dúvida, virem acusar de corrupção por dois ou três jogos em que o Porto não usufruiu de vitória sequer; tudo isto fomentado por uma senhora cujo discurso já deu para provar que não tem credibilidade; tudo isto “abafando” outras vergonhas tais como escandalosos jogos em 2004/05 que deram um título ao Benfica. Pela promoção da comunicação social contra o Porto, não encontro credibilidade.

Assim sendo, analiso eu, discutindo sempre com adeptos de outros clubes, fanáticos ou mais imparciais, de modo a encontrar a hipótese mais provável.

Analisemos o histórico:

1º - O Benfica ganha um jogo na Luz contra o Braga com um golo de fora-de-jogo de “quilómetros”. Não fez por muito mais o Benfica, ao contrário do Braga que carregou sempre, jogando o seu futebol massacrante mas nunca conseguindo o intento. Mérito defensivo para o Benfica, sem dúvida, mas muitas jogadas cortadas pelo árbitro. Dois lances passíveis para penalty a favor do Braga. Um deles, sobre Alan, discutível, aceitável quando não marcado. No outro, relembro que o jogador lesado saiu a voar autenticamente pelo campo fora, após uma entrada a pés juntos do defesa. Sem poder finalizar o seu fio atacante e sem poder materializar estes lances, é claro que a revolta é enorme.

2º - O FC Porto perdeu a liderança nessa mesma jornada, ao defrontar um Trofense com um estilo de jogo típico (o dito “autocarro”) e um (em dois possíveis) penalty por marcar por uma falta óbvia sobre Lisandro dentro da área, onde o argentino foi rasteirado por um defesa adversário. Resultado final: 0 a 0.

3º - O Sporting “carimbou” (o que não quer dizer que não passaria se não ganhasse) a passagem às meias-finais da Taça da Liga, onde tem o benefício de jogar em casa, com uma vitória sobre o Rio Ave com um golo de fora-de-jogo escandaloso de Vukcevic, reconhecido pela opinião pública geral, mas pouco discutido em polémicas.

Jornada seguinte:

Após empates do Benfica e Sporting, o Porto joga a sua oportunidade de voltar à liderança em Braga. Um golo mal validado. À beira dos golos acima referidos, é um “anjinho” das ilegalidades e, ainda assim, Hulk encontrava-se algo avançado face à linha defensiva. Um golo mal anulado a Tomás Costa. A linha defensiva deixa Tomas Costa em jogo. Lance entre Cissokho e Alan. Há puxão de Cissokho à camisola do extremo ainda fora da área, sendo que o último contacto entre os dois, já sem falta, é feito no máximo em cima da linha de área. Lance entre Helton e Meyong com contacto inevitável e dentro da pequena-área (área do guarda-redes), onde Meyong disfruta desse contacto para uma possibilidade de usufruir de um penalty. Mas contacto inevitável devido à mancha de Helton, casual. Guarin corta a bola com o braço, sim é penalty. Lisandro López foi apanhado três vezes em fora-de-jogo. Para quem viu em directo o jogo, esses lances no mínimo suscitavam dúvidas. Os comentadores pouca importância lhes deram. A realização pouco as repetiu em comparação com o primeiro golo – afinal são do mesmo tema de foras-de-jogo. Pois pelo menos dois são de caras mal marcados, com Lisandro a partir sempre das costas do defesa. Lances que deixariam o argentino isolado de maneira semelhante à do segundo golo. Poderia não ser golo (para quem falhou aquele da assistência de Cissokho). Mas os penaltys reclamados também poderiam não ser.

O primeiro golo tem influência no resultado? Tem sim. Poderia ter sido diferente. Mas quem diz que, caso o primeiro golo fosse invalidado, seria o Braga a ganhar ou haveria empate? Neste jogo, como na maioria deles, as equipas jogaram em função do resultado. Se o Braga jogava com mais garra porque queria logo de início ganhar e encontrar-se-ia depois a perder, o Porto jogava mais sereno, começando o jogo com «tranquilidade» e controlo emocional, encontrando-se logo depois a vencer, continuando a jogar em função desse resultado. Talvez se não tivesse havido o primeiro golo o Braga tivesse ido e marcado, ao continuar o seu jogo com garra. Talvez o Porto fizesse mais investidas como estava a fazer naquela fase e acabasse mesmo por marcar primeiro. A história alternativa de um jogo é como um prognóstico: nunca é uma certeza.

Assim sendo, há um golo mal validado e um mal anulado. Há três foras-de-jogo, dois deles mais claros, mal tirados a Lisandro. Isto para o Porto. Porque para o Braga há um penalty não marcado, a juntar ao tal golo mal validado. Não queiram comparar isto com o vergonhoso jogo da Luz. Conforme disse, na Luz não deixaram o Braga jogar. Ontem, a equipa atacou e criou perigo, ficando mérito do Porto ao evitar o pior (uma grande defesa de Helton à cabeçada de Orlando Sá, em exemplo).

A grande verdade aqui é que a arbitragem está muito mal. Erros ocorrem jornadas após jornadas. Em meu entender, os três grandes são quase sempre os mais beneficiados. Mas o Benfica tem disposto de mais benefícios, consequência ou não. Ainda acredito que a mão do Miguel Vítor desviou a bola. Senão, que objecto estaria naquele lugar quando a trajectória do esférico mudou de repente?!

Quanto a Jesualdo Ferreira, divido-me. É um bom (não excelente) treinador que sabe moldar (alguns) jogadores, sabe rodar promessas não tão confiadamente como o Sporting mas também não tão impeditivo como o Benfica (para mim os extremos na aposta em jovens), sabe, por vezes, incutir a confiança necessária. Mas sai-se mal na falta de garra, na má prospecção de jogadores e, por vezes, na forma de falar. Por vezes toma um discurso arrogante. Algumas citações são necessárias para o clube, sabendo falar, sim senhor. Mas outras não vêm em boa hora. Quando referiu não falar em arbitragens, a estatística não mentia: raramente se queixava, atribuindo à sua equipa a responsabilidade dos desaires. Eu tento ser imparcial, mas mesmo para qualquer portista a jornada 14 foi revoltante. Com o jogo Benfica – Braga e o Porto prejudicado com o Trofense, Jesualdo iria continuar sem excepções ao deixar os erros que nos prejudicam directamente de fora? Referiu que, todos viram, os adversários foram ajudados naquela jornada e o Porto prejudicado. Há limites para tudo, e para Jesualdo o limite para não atacar os árbitros pode ter acabado aí.

No entanto a imprensa promove isso. Ataques aos árbitros e ênfase ao Benfica. Reyes, Aimar, Suazo, Yebda, Nuno Gomes, Quique, Rui Costa, etc aparecem todos os dias em manchetes por isto ou por aquilo e o resultado vê-se. O Benfica joga mal, ganhando quando a coisa corre “menos mal” ou quando há erros de arbitragem a seu favor. A imprensa devia dar mais valor a outras figuras. Hulk, uma força da natureza. Vukcevic, injustiçado mas com provas dadas de dia para dia. Luís Aguiar, o génio de uma quarta potência [Braga]. Nené, um goleador de serviço no Nacional. Beto, a promessa portuguesa na baliza. Todas estas figuras que também mereciam destaque na nossa imprensa são abafadas pelas nulidades (até agora) dos vermelhos. E isto revela-se também nas opiniões e análises às mais diversas questões que aparecem todos os dias. Por isso sugiro que analisemos também nós os lances. A nossa visão, a da imprensa na mesma e a de amigos adeptos dos mais variados clubes, ferrenhos ou mais imparciais, devem dar a hipótese mais correcta da verdade dos acontecimentos.

2 comentários:

cara cool disse...

Livra, que o autor deste texto é mais Pinto da Costa que o Pinto da Costa, quero dizer, mais papista que o Papa!

@shitspeecher disse...

he he he he