quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Futebol sem lapsos

No passado domingo, assistiu-se a mais um clássico do nosso futebol nacional. Os sportinguistas podem dizer o que quiserem sobre Benfica vs. Sporting, mas hoje o clássico dos clássicos em Portugal é aquele que coloca frente a frente o clube que se apoia no seu passado para tentar ser grande e o clube que faz litaralmente das tripas coração para o mesmo efeito, Benfica vs. Porto. E aconteceu! Houve empate no estádio do Dragão. O Porto não impressionou, praticando o seu futebol característico desta época, sem muita posse de bola, com incursões rápidas e mortíferas e um contra-ataque demolidor. O Benfica sim, surpreendeu. Controlou a bola, jogou bem e criou algum perigo.

Após o jogo, a opinião pública defendeu que o resultado mais justo seria a vitória do Benfica. Todos viram o golo do Yebda e um penalty inventado sobre o Lisandro López. Todos viram o Porto a perder a jogar com o coração enquanto o Benfica guardava a bola.
Agora eu fao a minha análise. O Porto desde o início atacou sempre mais e com mais perigo. Não tirando o mérito a José Moreira, que considero um bom guarda-redes (o melhor do Benfica), não voltará a ter uma noite assim tão cedo talvez. Até que, nem sei em que minuto foi, José Reyes rasteira Lucho González dentro da área. O argentino segue o lance que acaba por não dar em nada. Muita gente tolda seus olhos e não quer ver o toque para desiquilíbrio perpretrado pelo espanhol do Benfica, mas a verdade é que existiu. A verdade é que a lei diz que, dentro da área, não há lugar a lei da vantagem. A lei diz que era penalty a favor do FC Porto, este limpo. O jogo estava 0 a 0. Tinha uma enorme hipótese de ficar 1 a 0 para o Porto. E a história tinha sido diferente. Teria sido um Porto calmo a controlar o jogo e um Benfica a jogar com o coração e não ao contrário. Mas não. Não aconteceu. O jogo seguiu, com o Porto sempre perigoso e o Benfica a marcar de bola parada. Erro defensivo dos dragões e o Benfica a aproveitar bem a falha. Seguiu o jogo com o Porto a arriscar no ataque e os vermelhos a aproveitarem a defesa subida para criarem perigo, sempre com o jogo controlado. Até que chegou o momento, que toda a gente já viu, que foi o penalty sobre o Lisandro López. Isto toda a gente viu. Caiu o Carmo e a Trindade! Não é penalty. Digo-o eu e reconheço. Dou o benefício da dúvida ao árbitro. A mão do jogador do Benfica toca no Lisandro. Para mim não é motivo para caír. Talvez mais que alguém assustar-se com o Tomás Costa em Alvalade. Sim, porque por menos só fora do estádio do Dragão se marcam faltas. De repente, num país onde o abandono escolar tende a aumentar, toda a gente invocava leis da Física a dizer que o avançado do Porto cairia para trás. Então eu invoco leis da medicina em que o braço a tocar no peito causa indisposição respiratória. Afinal sou quase tão licensiado como o nosso primeiro ministro. Enfim! Esta toda a gente viu e a outra não. Em dois erros, só o que prejudica o Benfica, que veio depois do que prejudica o Porto, é que é visto. Seguiu a ideia de que o Benfica beneficiou mais com este resultado. A verdade é uma única: o Porto continua em primeiro por mais uma jornada pelo menos. Depende ainda de si próprio para o título e o detentor do primeiro lugar em Maio é que conta; o Benfica falhou o assalto ao primeiro lugar, numa das melhores oportunidades de que dispôs.

Resultado final justo, com a vitória a caír bem sobre qualquer uma das equipas. Um penalty por assinalar a favor do Porto seguido de outro mal assinalado. Em que ficamos?...

Resta salientar uma teoria de um sportinguista fedorento (ele auto-intitula-se de tal) que prova que os sportinguistas são mesmo diferentes. Eu digo que realmente o são. São adeptos fervorosos de uma equipa que, embora se arrede de muitos títulos, mantem a classe e orgulho. Isso é lindo de ver. Anda distante de calabotes contados na história de Portugal e de apitos de qualquer cor contados em histórias de "ninar" por alguém que vem perdendo a credibilidade e por escutas telefónicas em que as iniciais lá registadas são ligadas a árbitros e afinal são somente de dirigentes desportivos. Mas a grande diferença dos sportinguistas é no "vira-casaquismo". Se o adepto do Porto vive "contra tudo e contra todos" e o do Benfica se proclama um em 6 milhões (parece que afinal são 2.9 milhões) num mundo que gira à sua volta, sportinguista do norte é contra o Porto e chegado ao Benfica e sportinguista do sul é contra o Benfica e chegado ao Porto. Em que ficamos? Se houvesse um grande no Algarve o sportinguista do Algarve era contra esse clube também? Sportinguista é mesmo diferente.

E, por último, viva o Scolari...

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